Quando o amor fica ciumento a vida amorosa se complica! Mas o que é o amor ciumento? O amor ciumento é ainda infantil. Não amadureceu, tem medo de perder o seu referencial. Ele é manifestação de insegurança emocional. Se torna dependente do afeto do outro como condição para sobreviver. Até um certo grau pode-se dizer que é “normal”, porque é difícil ser plenamente maduro afetivamente! Contudo, há limites. O amor ciumento meche com as emoções do sujeito. Fica instável nas relações afetivas de quem depende. Quer controlar os passos da pessoa amada e espera dela “provas” de que a ama.  Amor ciumento faz dramas, se apequena, faz cenas, se emburra, não fala, comporta-se como criança manhosa. O amor ciumento quer apossar-se do outro e mantê-lo preso a si. Até certo ponto é tolerável e o outro suporta. Quando sai das medidas torna-se problemático e compromete as relações de afeto. O amor ciumento quando é possessivo, não deixa o outro livre, controla a vida de quem diz amar, não permite que o outro tenha amizades e as cultive. Tudo é suspeitoso, não acredita no que o outro diz. Faz-se de vítima. Sua insegurança causa-lhe ansiedade e facilmente se descontrola emocionalmente. Rompe as barreiras da normalidade, e, em casos doentios, é capaz de cometer crime.

O amor ciumento tem constante medo de perder o outro e quer agarrá-lo e prende-lo a si como posse. Não tem confiança em si e nem nas pessoas ao seu redor. Precisa de constantes reafirmações da pessoa que diz amar e mesmo com todas elas ainda sobra motivo para desconfiar. Vira um circulo vicioso. Não acredita no que o outro lhe diz põe em dúvida sua fidelidade.

O amor ciumento causa muita dificuldade na convivência, se apega às suas ideias mirabolantes e obriga o outro aceitá-las como justas e verdadeiras. Sem se dar conta anula o outro em sua maneira de ser, devendo este pensar como ele pensa, sentir o que sente, não pode discordar porque isso vira ameaça. Quando o amor ciumento possessivo perdura isso leva a exaustão do outro e o desgaste na relação se torna insuportável, levando ao rompimento da convivência, levando à separação. Quando o amor ciumento está no homem, ele se esconde em suas artimanhas racionalistas e ameaça dominar o outro pela força, impondo medo. Manipula os desejos do outro e os distorce para garantir que é “dono da situação”. Quando isso se dá na relação com a esposa ou namorada se torna dominador e impositivo. Chantageia com os bens que tem do qual o outro depende. Controla por exemplo, o dinheiro, ameaça com abandono. Quando o amor ciumento está com a mulher, uma tática empregada com frequência é a chantagem emocional. Dramatiza as situações, procurando fazer o parceiro sentir-se culpado por seus sofrimentos. Em ambas as situações (marido ou esposa) o vinculo amoroso é imaturo, inseguro e melindroso.  Há uma perda mútua de confiança e um vigia o outro fiscalizando os contatos telefônicos, invadindo a privacidade, desrespeitando o direito que o outro tem.

Numa relação ciumenta, o mínimo sinal é suficiente para despertar o gatilho. Basta um olhar, um tom de voz diferente, uma fala mal interpretada e se instala a onda da ciumeira. E a confusão acontece. Difícil de apaziguar-se. Os nervos ficam a flor da pele e as ofensas mútuas machucam a autoestima e as reações podem ultrapassar as medidas do razoável. O clima fica tenso e quase sempre rancoroso. Todos perdem porque ninguém fica contente com a situação. Rompe-se a paz e às vezes, perdura por dias seguidos. Fica um clima de mutismo e ar pesado no ambiente.

Quem sofre de ciúme possessivo, é bem provável que isso tenha suas raízes em seu passado de abandono, de rejeição, de exposição à insegurança prolongada, de educação muito rígida, entre outras causas.

Teria cura para amor possessivo? Tem, desde que a pessoa busque ajuda (de preferência qualificada) e esteja disposta a encontrar as causas da perturbação. Dificilmente se cura sozinho. É preciso reconhecer a própria insegurança e amor imaturo e abrir-se para dialogar com as pessoas envolvidas. Admitir seus exageros com sinceridade e fazer um caminho de auto aceitação e de auto controle sobre as próprias emoções. Aprender a comunicar os próprios sentimentos de forma controlada, sem culpar os outros por eles.  Dar-se um tempo para meditar sobre seus próprios comportamentos e como eles repercutem sobre os que estão a sua volta. Admitir, quando for o caso, seus exageros e distorções da verdade. Sentir ciúmes pode ser visto como um sinal de que algo não está bem, há necessidade de rever-se para crescer e tornar-se melhor e pessoa mais equilibrada.

Não deixe que seu ciúme comprometa seu relacionamento com a pessoa que você ama. Afinal o amor é oblativo e quem ama de verdade tem reservas para amar todas as pessoas. Quanto mais se ama com amor amadurecido, mais e mais pessoas cabem em seu amor. Não precisa temer ficar de fora. Ame de verdade e o ciúme não terá vez para perturbar suas relações.

Coração invejoso contente-se com o que tem, faça o bem com o tanto que tem, sem precisar “roubar” o prestígio dos outros em benefício próprio, engando-se a si mesmo.

Diacono João Gualberto SDS

  Autor:

Pe. Deolino Pedro Baldissera, sds