Hoje vou escrever um “contra texto” (ou seria contrassenso ou texto do contra?) Não sei definir o que é. Ao descrevê-lo espero dizer o que quero significar...

Vamos começar pelo “calor”. Por esses dias é ele de quem se fala. Nem as garrafas térmicas com água gelada estão dando conta. Ele virou lamentação, todo mundo reclama, “ah que calor”! Uns culpam o “el niño”, como responsável por ele, não só, como também pelos tornados, chuvaradas e fogaréus que incendeiam as florestas. O “El niño” é o carrasco da vez. Sempre tem um culpado. Nesse caso é mais fácil responsabilizar a natureza, afinal, os fenômenos são por ela provocados. Uns dizem que a natureza está assim, por culpa dos humanos que não cuidaram e não cuidam bem dela. O desiquilíbrio dos humanos levou ao desiquilíbrio da natureza. Todo mundo reclama dela, assim se evita assumir a própria parte. Ultimamente temos visto fenômenos de diversos tipos. Além dos calorões, existem as enchentes, os tornados, os incêndios, os extratropicais! Todos com forças “extras”! Essas perturbações são globais, acontecem na Europa, na Ásia, na China, no Japão, na África, na Oceania, nas Américas e aqui em nossos quintais brasileiros. Até um ano e pouco atrás era o covid-19, que preenchia os horários dos noticiários, agora são esses desvios da natureza, que manifesta sua força parece vingativa, pelos ataques que sofreu e ainda sofre. (digo vingativa, porque é um termo mais nosso conhecido! mais adiante, explico). Ela está desafiando os humanos que se dizem inteligentes e capazes de povoar outros planetas num futuro próximo. Não conseguimos controlar o “efeito estufa, “cria nosso!” e queremos controlar o universo!  A ambição humana não tem limites! E usando de forma “deslimitada” nossos conhecimentos, em vez de gerar o bem gera-se o mal. Se as novas conquista cientificas fossem todas elas canalizadas para o bem, nosso mundo voltaria a ser um paraíso.

Deixemos, por enquanto, sossegados os fenômenos naturais que estão abalando nossas presunções. Vamos examinar o contra texto, (querendo dizer contrassenso) nos contraditórios humanos, independentes da natureza!

Olhando nosso mundo globalizado, com tanta tecnologia disponível capaz de gerar tantas coisas boas, é de se espantar porque não se aplica o que se sabe para melhorar a vida, em vez de provocar a destruição pelas guerras.  Não bastasse o que se faz maltratando a natureza, se criam outros modos de destruição. É só olhar para a quantia de guerras em andamento! Coisa mais absurda, os seres humanos não saberem viver como humanos! Como explicar os desejos de vingança e destruição e matar milhares de inocentes, mulheres, crianças, idosos, bombardeando casas, hospitais e tudo o que tem pela frente dos canhões e das bombas lançadas por aviões caças? No caso da guerra entre o Hamas e Israel, está se vendo tudo isso. Cada lado tem suas “justificativas” para continuar aumentando o sofrimento alheio. Uns sequestram e assinam, outros bombardeiam e matam. Que lado é mais “(des)humano”? Quem ficará com o troféu de vencedor da guerra? Quantos mortos serão contabilizados? Qual vingador saiu com vantagem para cantar vitória?

Se por um lado reclamamos da natureza que tem ultrapassado seus limites, por outro, temos os humanos que não os respeitam faz tempo! Não houve aprendizado com as grandes guerras que já aconteceram no passado, em que ficou a destruição como relíquia, todos foram perdedores, mesmo os que se disseram vitoriosos. O que aprendemos delas, foi torná-las mais sofisticadas e poderosas. As armas antigas são peças de museus, as de agora, tem poder de destruição global. Hiroshima e Nagazaki, foram pequenos ensaios, os megatons lá usados são números simbólicos diante do poderio deles hoje armazenados.

Vivemos num mundo contraditório, a grande maioria quer a paz, uma vida serena e fraterna. A natureza, a tecnologia, oferecem todas as condições para tal. Uma minoria, impõe pela força a guerra! o “bestunto” humano reverte o desejo da maioria e a vida se torna quase um caos. Há uma lógica perversa que desumaniza o coração e a mente humana. Essa parece ser uma herança maldita que vem desde o homem primitivo. Lá, também se combatiam mais por questão de sobrevivência tribal. O que nós fazemos hoje foi um aperfeiçoamento daquilo que lá era apenas embrionário. Hoje, nossas ambições por poder e domínio nos tornam mais culpados, porque temos um conhecimento mais pleno das coisas e sabemos melhor das consequências. Qual o “texto” para esse “contra texto?

Tudo isso acontece porque não entendemos a mensagem do Criador de tudo. Ele nos deu a natureza rica com espaço para todos viverem num “paraíso”. A ambição de querer ser deus como Adão e Eva protagonizaram, abriu caminho para a desgraceira que hoje acontece. O “vírus” adâmico contagiou o coração e mente humana. Tudo começou por lá!

Contudo, nos foi dada uma nova chance, num Crucificado que aceito morrer por todos, para livrar-nos dessa mente satânica que leva a morte e a destruição. A sua Ressurreição foi prova cabal da vitória sobre a morte. Porém, para as mentes beligerantes isso não foi suficiente para moldar suas mentes e corações para a paz. Parece que estamos vivendo um apocalipse, onde a “besta fera” causadora de desolações e tribulações, parece reinar.  Resta-nos a fé e a esperança, de que apesar de tudo, a herança do Crucificado há de prevalecer sobre a herança adâmica e o bem há de reinar. Fomos criados para avida e não para a morte. Por isso o “contra texto” é um protesto contra o contrassenso humano. Em palavras mais amenas, o bom senso perdeu seu valor, porque a ignorância e arrogância vingativa, por enquanto, tomou seu lugar. Até quando...!

Diacono João Gualberto SDS

  Autor:

P. Deolino Pedro Baldissera, sds