Quero manifestar minha indignação diante do que está acontecendo em nosso mundo. Vivemos em uma época em que a insanidade perambula pelo mundo, promovendo guerras que ceifam vidas inocentes, destroem famílias, despedaçam países, espalham ódio e vingança por todos os lados. Fico triste e indignado por me sentir exposto diante da impotência de fazer pouco para evitar os males causados por essas destruições. Não apenas a perda de vidas humanas inocentes, que por si só é inaceitável, mas também a convivência com essas notícias diárias que apenas aumentam angústias e sofrimentos. Preocupo-me em não perder a sensibilidade diante disso tudo e me tornar indiferente ao que vejo.

Tenho apenas uma explicação para tudo isso: admitir que são mentes doentias capazes de tais atrocidades. Temos exemplos no passado que demonstram isso. Nenhuma pessoa sã e de bom senso seria capaz de aceitar tais crueldades que ocorrem nas guerras. Não há justificativas para a guerra. Existem vários caminhos para discutir diferenças ou buscar a defesa de direitos. Se cada um dos envolvidos tivesse um mínimo de respeito pela vida humana, bastaria que se sentassem e dialogassem em busca de uma solução pacífica. Cada lado deseja que suas razões prevaleçam sobre as do oponente, ninguém cede, e assim recorrem à força e aos massacres de inocentes para buscar soluções.

Estamos diante de várias guerras. O noticiário se concentra nas mais recentes, pois são mais sensacionalistas. A bola da vez é o conflito entre Israel e o Hamas, onde milhares de inocentes estão morrendo, casas estão sendo destruídas, chegando ao absurdo de negar água, comida e combustível. O ódio e o desejo de vingança não levam em consideração os inocentes, todos são punidos pela força dos mais poderosos. As reuniões na ONU para discutir propostas parecem ineficazes, como um passatempo sem chegar a nenhum acordo. Enquanto isso, bilhões são gastos em armamentos destrutivos, negando-se os direitos básicos à sobrevivência. Mais e mais pessoas morrem ou vivem no desespero, sem saber para onde correr. Que mundo é esse? "Insensatez" é uma palavra pequena para descrever. A guerra parece fazer parte de nossa vida cotidiana, como se fosse algo normal. Nosso cansaço em relação a ela se transformou em indiferença, com poucos grupos protestando nas ruas, enquanto a grande maioria se sente impotente ou indiferente em casa.

Os gritos dos inocentes me atormentam, pois eles me acusam também diante do meu medo de confrontar os poderosos com suas armas mortais. As guerras são abomináveis, e as pessoas de bem, que constituem a maioria absoluta, não as desejam, mas a impotência afasta qualquer reação.

Muitos dos líderes que promovem a guerra se autodenominam pacifistas, mas suas ambições de poder e domínio justificam, para eles mesmos, a realização do oposto: a guerra. Dizem que o fazem em nome de seus compatriotas ou para preservar direitos. A falta de vontade sincera em buscar a paz aumenta a insensatez da guerra.

Muitos apelos são feitos pela paz, mas o ódio e o desejo de vingança prevalecem, e a guerra se espalha cada vez mais. O mal parece superar o bem. O diabo parece estar em festa permanente, pois seu domínio momentâneo está prevalecendo, sem precisar exercer seu poder de sedução. Basta alimentar os desejos de ganância presentes nos líderes das guerras para manter o mundo sob seu controle.

Muitos temem o fim do mundo, com alguma razão, pois basta apertar os botões das armas nucleares para causar um fim trágico. Ainda não chegamos a esse nível, mas as ameaças persistem.

Onde podemos encontrar refúgio diante dessa insanidade da guerra? Espero que, pelo menos, possamos manter nossa indignação e expressá-la da melhor maneira possível, para não perder nossa sensibilidade em relação à paz. Também confiamos que a última palavra não será a do maligno, mas a do Deus da vida, o Deus da paz. Que nossa oração pela paz seja sentida, e que nossa esperança não se desfaça diante do medo. Vamos fazer o possível para que a insensatez da guerra não destrua nossos sonhos de um futuro de paz.

Diacono João Gualberto SDS

  Autor:

P. Deolino Pedro Baldissera, sds